Apesar da crise e do desemprego Emigrantes canalizam mais dinheiro para países de origem
Apesar da crise financeira e das elevadas taxas de desemprego, os emigrantes continuam a enviar dinheiro para os países de origem. As transferências estão calculadas em quase 400 mil milhões de dólares, no ano passado, contra 372 mil milhões no exercício anterior.
Nem sequer a quebra nas oportunidades de emprego nos Estados Unidos e na Europa, bem como os incitamentos ao retorno de emigrantes por parte de alguns países, estão a travar os fluxos daqueles que vivem e trabalham no exterior. Durante a crise, quando a ajuda do exterior está em baixa e os investidores estrangeiros diminuem, os fluxos de dinheiro dos emigrantes têm continuado a fornecer regularmente as divisas das economias em desenvolvimento.
Trata-se de uma boa notícia para aquelas economias, de acordo com o Banco Mundial, que encara a situação como uma das fontes de recursos menos voláteis. Importa acrescentar ainda a questão social. Muitas vezes é a única forma de uma família permanecer no seu país de origem. A colocação de fundos não acontece de forma equitativa. A Índia, no ano passado, foi o principal recetor de fundos dos seus emigrantes, tendo atingido os 64 mil milhões de dólares. Na Europa, a Espanha é o país de acolhimento de migrantes que apresenta a maior transferência de fundos. Madrid está na quinta posição da tabela, depois dos Estados Unidos, da Arábia Saudita, da Rússia e da Suíça. Em contrapartida, a América Latina e as Caraíbas, cujos emigrantes estão sobretudo instalados nos Estados Unidos, têm registado uma quebra na receção de fundos dos seus emigrantes desde há três anos a esta parte.
Este é um movimento que tem revelado mudanças significativas nos últimos anos. Também a crise financeira mudou o estado de coisas. Acontece que há agora uma certa deslocalização de alguns países desenvolvidos para as economias emergentes. No caso de Portugal, o Brasil, Moçambique e Angola têm ganho terreno nesta matéria.