23-10-2012 Patrick Mendes, diretor-geral da InterFranchising, considera que franchising deveria ter entidade reguladora InterFranchising leva novos negócios à região Centro
A região centro conta já com um certame dedicado ao franchising. Patrick Mendes, diretor-geral da Interfranchising, explicou à VE que deste certame resultam 25 a 50 novos contratos de franchising, que representam 100 novos postos de trabalho. A participação de marcas de origem nacional dominou o certame, que contou ainda com uma importante representação brasileira.
Vida Económica - Que aspectos destacaria da Interfranchising? Qual o seu público-alvo e que impacto pode ter na zona Centro?
Patrick Mendes - A Expo InterFranchising destaca-se pela sua multidisciplinaridade, espelhada no conceito NET - Negócios, Empreendedorismo e Tecnologia. Ao nível dos negócios, este evento reuniu, a par de fornecedores de diversas áreas, empresários e investidores em torno das mais variadas marcas nacionais e internacionais.
A parte do empreendedorismo, com a presença de instituições e profissionais de formação/consultoria, centrou-se na partilha de conhecimento na área empresarial e informação sobre apoios à criação e desenvolvimento sustentável de empresas. O público-alvo são atuais e futuros empresários, investidores, estudantes e público com interesse nas temáticas do empreendedorismo, mundo empresarial e formação de profissionais.
Para além da considerável participação de marcas a operar em regime de franchising em Portugal, a procura e o interesse, até agora demonstrado, por parte de instituições de ensino universitário, incubadoras de empresas, associações empresariais, entre outras, pode ser um sinal da importância deste evento na região Centro.
Com a presença da Universidade de Coimbra ou do Instituto Politécnico de Leiria, podemos afirmar que a zona Centro está ávida de eventos deste género que pretendem dar a conhecer outras soluções para o futuro, tendo o empreendedorismo como base para o desenvolvimento profissional e pessoal.
VE - Quantas empresas estiveram representadas e quais os setores de mercado mais expostos?
PM - Para além da presença de vários organismos institucionais, estiveram representados na Expo Interfranchising cerca de 40 empresas/marcas. Existe uma grande variedade de setores, com destaque para a mediação de obras, formação profissional, compra e venda de ouro, alimentação e sector imobiliário.
VE - Quantos visitantes receberam e quantos contratos e postos de trabalho resultam?
PM - As previsões apontavam para um número entre 2500 e 4000 visitantes. Para além da capacidade negocial das marcas presentes - que resultarão em contratos para abertura de novas lojas franchisadas - estima-se que o evento possa gerar, direta ou indiretamente entre 25 e 50 contratos que poderão corresponder a mais de 100 novos postos de trabalho.
Défice de regulação em Portugal
VE - Que aspetos considera que atualmente mais preocupam os empresários do franchising - dificuldades de financiamento, saturação de alguns conceitos em determinado setores, ou outros temas?
PM - Muitos dos desafios do franchising em Portugal, em nossa opinião, são semelhantes à generalidade das empresas; outros são mais específicos da área. Entre estes contam-se a dificuldade de financiamento, o défice de formação empresarial de alguns franchisadores, a falta de legislação na área do franchising, a não-existência de entidade reguladora do franchising em Portugal ou a falta de apoio institucional e político para esta vertente de expansão de negócios.
VE - As alternativas ao financiamento muitas vezes apontadas constituem-se como reais e efetivas no franchising, seja na abertura de novas unidades, seja na perspetiva de internacionalização das marcas nacionais?
PM - Hoje em dia, as formas de financiamento são escassas e, como tal, é expectável que os franchisadores pretendam ter acesso a fontes de financiamento que possam apoiar o seu crescimento nacional e internacional.
Os programas de financiamento estão atualmente vocacionados para a realidade da exportação, mas são, no entanto, para todas as empresas em geral, sejam elas exportadoras de produtos, serviços ou conceitos de negócio.
VE - Existe uma forte representação de marcas ou conceitos ditos 'low-cost' e microfranchising? Esta tendência poderá ser reforçada?
PM - A área do franchising segue de perto a tendência generalizada da conjuntura económica. Como tal, os conceitos 'low-cost' estão, neste momento, a proliferar no nosso país, tanto ao nível do franchising em si - por exemplo através dos direitos de entrada e 'royalties' - como nos serviços ou produtos que as marcas desenvolvem.
Pensamos que esta tendência irá continuar e que as marcas 'low-cost' poderão constituir uma parte significante da oferta ao nível do franchising.
Marcas nacionais dominam certame
A Expo InterFranchising, que teve lugar em Pombal, vem de certa forma colmatar ou esbater a necessidade de presença deste tipo de certames em todas as regiões do país. Assim, assente em três modelos de atuação: Negócio, Empreendedorismo e Tecnologia, o certame pretendeu dar resposta a várias interrogações que normalmente se colocam a potenciais investidores ou empreendedores, mas também aos próprios empresários.
Entre estas, por exemplo, estão: "Como captar investidores para a minha marca?" ou "Como transformar o meu conceito num franchising de sucesso?" Para além disso, na vertente empreendedorismo, o certame procurou explicar aos investidores como proceder à seleção das marcas e conceitos em quem apostar e onde encontrar parceiros de negócio credíveis e eficazes.
Ao nível da tecnologia, o debate recaiu sobre a forma como este pode melhorar a gestão das redes e apoiar franchisados.
O certame contou ainda com uma comitiva especial de marcas nacionais e instituições brasileiras, com o apoio da ANFranchising - Associação Nacional de Franchising. Nesse sentido, também marcou presença um representante da Câmara do Comércio Brasil-Portugal, que abordou a temática das relações entre os dois países.
A realização da Expo Interfranchising deve ser percebida como um "sinal claro dado pelos diversos 'players' nacionais de aposta num modelo de negócio que continua a aumentar - de acordo com dados do 17º Censo do Franchising, o número de marcas franchisadas em Portugal aproxima-se das 600 e gera um volume de negócios que ultrapassa os cinco milhões de euros", disse Patrick Mendes. Para além da predominância dos serviços especializados, aquele responsável destacou ainda "a tendência de proliferação de marcas made in Portugal". Entre estas destacam-se a Academia Apamm, Assistebem, Casa Viva, Comunicarte , Ductus, Estamos Aí, GesArrenda, Gofranchising.pt, Increment, Low-Cost.come, My Fit, Trema, Zineo e grupo Os Mosqueteiros - Intermarché, Bricomarché e Roady·
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Marc Barros marcbarros@vidaeconomica.pt |
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