26-10-2012 HP arruma a casa, "salva" empregos e aposta nos mercados internacionais
Manuel Lopes da Costa, o homem que há um ano está à frente da casa portuguesa da HP promoveu um almoço com jornalistas para apresentar a nova estratégia. A venda de serviços aos mercados internacionais, através da instalação de centros de competência em modelo de outsourcing de "nearshore", são a grande aposta.
Os cinco "mandamentos" escritos no hall de entrada da HP Portugal são arrojados. Ser a melhor empresa para se trabalhar em Portugal, faturar 500 milhões de euros por ano, ser líder de mercado em pelo menos cinco unidades de negócio, estar no top cinco das HP mais bem geridas da EMEA e estar no top cinco das marcas mais reputadas de Portugal. "É preciso coragem para assumir um compromisso destes publicamente, para os próximos cinco anos, nesta altura campeonato...", disse a "Vida Económica" a Manuel Lopes da Costa, o homem que há sensivelmente um ano ocupa a direção-geral da casa portuguesa. "Sim, é um grande desafio", respondeu-nos.
Manuel Lopes da Costa chegou e arrumou a casa lusa. Nada que as restantes estruturas mundiais não tenham feito. Aliás, um processo que internacionalmente teve eco na imprensa onde massivos despedimentos foram anunciados. Em maio deste ano, a empresa revelava a intenção de dispensar 8% da sua força de trabalho até outubro de 2014. No total, 27 mil colaboradores seriam demitidos. Mas em setembro último a presidente e CEO Meg Whitman dizia que afinal o plano de reestruturação que asseguraria a competitividade da HP a médio e longo prazo teria de ser mais duro. Provavelmente devido ao facto da empresa norte-americana ter apresentado um mês antes um dos piores resultados da sua história, com perdas de 8,9 mil milhões de dólares. Mais dois mil funcionários teriam de ser acrescentados à lista negra. O número ascendia agora a 29 mil pessoas.
Áreas de negócio "remodeladas"
Portugal salvou-se. E nenhum recurso humano teve, pelo menos para já, de ser dispensado da HP. Apenas alguns funcionários tiveram de assumir novas funções, nomeadamente em cargos que não de chefia. O que realmente houve foi a necessidade de "reinventar" o negócio. Ou, pelo menos, a forma de o apresentar. Hoje, a empresa não tem oito, mas quatro unidades de negócio: Enterprise Group, Printing Personal Systems (PPS), Software Group e Enterprise Services. A primeira, dirigida por Carlos Leite, engloba o negócio de servidores, armazenamento, networking e centros de dados. José Correia mantém a impressão e passa a tutelar as vendas de PC e tablets. Aliás, em janeiro, a HP deverá lançar aquele que será o seu primeiro tablet para o sector empresarial. À frente do Software Group estará Filipe Ribeiro, área que António Lopes da Costa considera ser a que tem maior potencial de crescimento. O agora diretor-geral fica nesta nova estrutura responsável pelos Enterprise Services, sendo esta a área que envolve maior complexidade e consultoria.
No almoço informal que a empresa promoveu com os jornalistas, Manuel Lopes da Costa disse claramente que para que manterem a quota de mercado há que "trabalhar na rentabilidade de alguns projetos". O presidente referia-se nomeadamente a grandes projetos de outsourcing mundiais, apesar de especificar que em Portugal não existe nenhum que se enquadre nessa necessidade. No entanto, lá deixou escapar que por cá há projetos de outsourcing com margens pequenas. Aliás, "pequeninas". Mas a nova postura da HP, que alinha pelas atuais condições de mercado, não se coaduna com estas margens mínimas. "Acabou irmos com margens quase zero para ganharmos o negócio. Algumas pessoas se calhar vão ficar surpreendidas quando virem que a HP não vai responder a alguns negócios."
300 milhões de faturação
No final deste mês termina o ano fiscal da HP. Um exercício que deverá valer à casa portuguesa qualquer coisa como 300 milhões de euros, sensivelmente o mesmo volume do exercício de 2011. Para 2013, e porque as projeções não são as mais favoráveis, a estrutura portuguesa aposta em alargar a sua área de atuação aos mercados internacionais, nomeadamente através da instalação de centros de competência em modelo de outsourcing de "nearshore". Algo que já tinha, de resto, sido anunciado, concretamente serviços para o segmento financeiro, mas entretanto adiado pela atual crise económica europeia.
De resto, no geral, a intenção parece ser a de apostar nos serviços empresariais, até obviamente pela prevista - ainda maior - queda dos índices de consumo. A estrutura comercial da HP Portugal foi obviamente remodelada, havendo agora 16 "operacionais" que farão a ponte entre a empresa, os parceiros e os clientes. O objetivo é serem pontos únicos de contacto altamente especializados nos mercados onde vão atuar, facilitando a comunicação entre todas as partes.
Nos serviços, uma coisa é certa: a HP Portugal não vai andar atrás de quota de mercado mas de rentabilidade.
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SUSANA MARVÃO s.marvao@vidaeconomica.pt |
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