29-10-2012 Inovação e potencial de crescimento facilitam obtenção de financiamento
Apesar do contexto económico que o país atravessa e das atuais dificuldades no acesso ao crédito bancário, nunca existiram tantas alternativas de apoio e financiamento ao empreendedorismo. Esta foi a principal conclusão do workshop "Financiamento para novos projetos de empreendedorismo - miragem ou realidade", recentemente organizado pela AIMinho.
Conhece o negócio e tem um plano definido. Agora só falta o financiamento para arrancar. Porém, como obter o capital necessário? As alternativas são muitas, mas nem sempre o caminho é fácil. Na verdade, o problema do acesso ao financiamento é, muitas vezes, a principal preocupação dos jovens empreendedores, mas uma coisa é certa: "Para os projetos inovadores e que apresentem potencial de crescimento há sempre viabilidade de financiamento".
"Os projetos que conseguem obter mais 'facilmente' financiamento ou investimento são aqueles que constituem propostas empresariais consideradas como tendo maior potencial para resolver necessidades dos clientes de forma mais adequada que a existente no mercado" e que possuem "capacidade para rapidamente provarem o seu valor empresarial e se tornarem globais", explica Ricardo Luz. Da mesma forma, para o presidente da Invicta Angels, para além de uma boa proposta de valor, é ainda fundamental existir uma "equipa de promotores motivada, competente e totalmente envolvida na concretização do projeto".
Já para Joaquim Brandão Rocha, ter um plano de negócios "credível e realista é de extrema importância" na obtenção do financiamento. Por esse motivo, o empreendedor deve ter "uma clara noção do negócio a implementar" e "conseguir apresentar um plano de negócios consistente", onde fatores como a "inovação e a diferenciação são críticos" para a conquista de escala em novos mercados. "A Caixa valoriza propostas de negócio com estas valências e acredita que tanto a inovação como a diferenciação resultam em potencial exportador", explica o responsável da direção de particulares e negócios da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
No entanto, antes de tudo isto, o empreendedor deve "perceber claramente quais são os objetivos, realistas, de financiamento inicial que quer atingir", ressalva Gabriela Marques. Nesse sentido, para a cofundadora da plataforma nacional de 'crowdfunding' Massimov, "é a maturidade do projeto que poderá determinar que fonte de financiamento usar", conclui.
Mas qual o mais adequado ao meu projeto?
Mas se ainda se questiona qual a solução de financiamento mais indicada para o seu projeto, os três convidados expõem as vantagens de cada um.
Representando o modelo de financiamento mais tradicional, o crédito bancário, Joaquim Brandão Rocha destaca a Linha Caixa Jovem Empreendedor, ou as Linhas Micro Invest e Invest+. Garantindo que "a Caixa é hoje um banco que fomenta o empreendedorismo", o responsável explica que, "além do investimento, a gestão corrente é também um foco da oferta da CGD, tal como já acontece com o cartão Caixa Works Empreender", e salienta que esta assenta num "serviço de excelência para aconselhamento a cada projeto: a rede de agências e gabinetes Caixa Empresas".
Contudo, se procura, para além do dinheiro, "competências e experiência empresarial", o empreendedor "pode e deve procurar business angels", que o podem "ajudar a concretizar os seus sonhos e a implementar, empresarialmente, o seu projeto", aconselha Ricardo Luz. Destacando o papel especial da Invicta Angels, uma associação que agrupa cerca de 50 investidores de capital de risco das regiões Norte e Centro de Portugal, o responsável explica ainda que o "business angel é um investidor particular, qualificado, tal como definem alguns regulamentos nacionais, que investe diretamente, ou através das suas empresas, o seu próprio dinheiro predominantemente em empresas nascentes ou seed-capital, sem que exista uma relação familiar envolvida". Na prática, "os business angels tomam as suas próprias decisões de investimento numa lógica de longo prazo e estão preparados para dar suporte estratégico aos promotores para que o investimento tenha êxito", refere.
Uma outra opção de financiamento, em claro crescimento e cada vez mais transversal, é o crowdfunding. Esta é uma alternativa "extremamente viável" para conseguir o "seed money" necessário para arrancar com o projeto, "dado que os bussiness angels não investem em valores, regra geral, abaixo dos 50 mil euros e a banca neste momento tem custos muitos elevados", defende Gabriela Marques.
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FERNANDA SILVA TEIXEIRA fernandateixeira@vidaeconomica.pt |
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