02-11-2012 Jaime Quesado, especialista em Inovação, defende Novo QREN deve continuar a financiar os pólos e clusters
Os 10 pólos de competitividade e sete "clusters" criados em 2009 e que estão a ser financiados pelo QREN até 2013 deverão "ser capazes de assegurar, pelo seu contributo para as fileiras e os seus atores, a sua própria sustentabilidade económica e financeira", defende Jaime Quesado, membro do grupo estratégico nomeado pelo Governo para a avaliação destas estruturas de eficiência coletiva. Apesar disso, diz o especialista em Inovação à "Vida Económica", a continuidade do seu financiamento pelo Novo QREN "deve ser um dado a considerar".
Vida Economica - Participou recentemente no Congresso Mundial de Competitividade em Bilbao. Que conclusões retira?
Jaime Quesado - O Congresso Mundial de Competitividade, organizado pelo Instituto de Competitividade de Michael Porter, reuniu mais de mil especialistas de todo o mundo na área dos clusters e inovação e foi um momento muito importante para refletir sobre o futuro da economia mundial e as estratégias mais adequadas a seguir. O paradigma da cadeia de valor da maior parte das fileiras económicas (quer as tradicionais,
quer as mais inovadoras) mudou e o foco hoje passou a estar no papel da inovação aberta, inteligência coletiva e integração ativa em redes internacionais. É aqui que os pólos e "clusters", pelo efeito colaborativo sustentado que induzem entre empresas, universidades e centros de inovação, entram, ao permitirem organizar e regular as novas cadeias de valor da economia.
VE - Acredita que o QCA terá verbas para continuar a financiar estes projetos?
JQ - Os resultados muito positivos, em termos de crescimento da atividade, exportações e emprego conseguidos com este primeiro ciclo de financiamento e operacionalização da rede de pólos e clusters em Portugal suscita uma grande expetativa em relação aos desafios de renovação e consolidação das cadeias de valor das fileiras económicas que um segundo ciclo de financiamento possam suscitar. No quadro duma rigorosa monitorização e acompanhamento de novos objetivos e impactos, a continuidade do financiamento deverá, na minha opinião, ser um dado a considerar.
VE - O Governo assumiu que ia avaliar os pólos e clusters criados em 2009 e não pôs de parte fundir algumas destas estruturas. É este o caminho?
JQ - Como referi, os resultados positivos conseguidos com o primeiro ciclo de reconhecimento (dez pólos e sete "clusters") levaram o Governo à decisão muito oportuna de proceder a uma avaliação do caminho feito e definir o contexto dum novo posicionamento para estas estruturas. Tenho participado nesse processo, no âmbito dum grupo estratégico constituido para o efeito, e estão a ser preparadas as condições para fazer deste novo ciclo de reconhecimento dos clusters a aposta certa para a competitividade da economia portuguesa.
VE - Os resultados da avaliação ainda não são conhecidos. Porquê?
JQ - O processo está a ser ultimado, no quadro duma ampla participação contributiva dos próprios atores do sistema e estão a ser garantidas as condições para que possa ser implementada uma nova filosofia de rigoroso acompanhamento e monitorização dos impactos de valor associados aos novos desafios destas estruturas.
VE - Como encara o futuro destes pólos e clusters?
JQ - Estruturas de Eficiência Colectiva como os pólos e "clusters", que têm uma função central de renovação da cadeia de valor das fileiras económicas que integram e de reforço da sua base de capacitação internacional, precisam, para o seu adequado desenvolvimento, do suporte inicial de financiamento público, em particular comunitário. Apoio público esse que tem, evidentemente, um caráter provisório. Em termos estruturais, eles deverão ser capazes de assegurar, pelo seu contributo para as fileiras e os seus atores, a sua própria sustentabilidade económica e financeira.
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TERESA SILVEIRA teresasilveira@vidaeconomica.pt |
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