06-11-2012 Consumidores passaram de "vaidosos egoístas" a "altruístas modestos"
Os consumidores procuram, acima de tudo, bons negócios, passando de "vaidosos egoístas" para "altruístas modestos". Em Portugal, nos primeiros meses deste ano, venderam-se menos bebidas e iogurtes, enquanto as comidas frescas e congeladas, bem como os produtos básicos como o arroz, o azeite e a massa, tiveram crescente procura. Perante uma nova realidade económica, há novas tendências de consumo e, claro está, novos perfis de consumidores. O que devem as marcas fazer?
Foi com o objetivo de encontrar algumas linhas orientadoras a esta pergunta que cerca de 300 pessoas se juntaram, recentemente, na 6ª Conferêcia Dh, em Lisboa. Com o tema "Inovação no ponto de Venda" em cima da mesa, vários especialistas juntaram-se para debater as novas tendências de consumo, a inovação como necessidade premente de mudança e o novo perfil dos consumidores face à conjuntura económica que o país atravessa.
A crise enquanto oportunidade, a necessidade de enfrentar a conjuntura económica do país com elementos diferenciadores e ofertas cada vez mais inovadoras estiveram em destaque neste encontro.
"Pela primeira vez, neste ano, verificámos que houve uma mudança no padrão de consumo. No primeiro semestre de 2012, no que respeita ao consumo dos lares portugueses, verificou-se a tendência de comprar mais comida fresca e comida pronta, descartando as bebidas. Se analisarmos o consumo per capita em quilos ou litros por pessoa e se compararmos com o ano passado, concluímos que as diferenças são notórias", revelou Paulo Caldeira, business development diretor da KantarWorldPanel.
Enquanto os produtos básicos têm sofrido um aumento de vendas, assumindo-se como a principal aposta por parte do consumidor, as bebidas (cervejas, refrigerantes) e os iogurtes têm sofrido um decréscimo. O mesmo responsável adiantou ainda que esta é uma fase de "maturidade das marcas na distribuição".
Da conquista à fidelização de clientes
A 6.ª Conferência Dh englobou uma mesa-redonda moderada por Filipe Gil, diretor da revista "Distribuição Hoje", subordinada ao tema "Conquistar e fidelizar o cliente através da inovação" e na qual participaram Alberto Ferreira, executive manager da Deepend/SMUKY; Alexandre Guariento, diretor ibérico de negócio e operações da Itautec; Hélio Soares, membro da Direção da POPAI; Rodrigo Pereira, beer channel customer marketing manager da Sociedade Central de Cervejas, e Vera Norte, diretora de comunicação da Tetra Pak.
O ponto de venda tem uma importância extraordinária e os consumidores dirigem-se ao mesmo "para procurar bons negócios", referiu Hélio Soares. Há uns anos, quando havia mais dinheiro, "falava-se do consumidor enquanto 'um vaidoso egoísta', alguém que gostava de fazer boas compras e que se mimava a si próprio. Hoje em dia, o consumidor passou a ser um 'altruísta modesto'. É altruísta porque procura produtos nacionais, tenta racionalizar e fazer boas compras e é modesto porque tem menos dinheiro.
Rodrigo Pereira defendeu que "o consumidor compra na loja, no café, no restaurante e as marcas têm de fazer a sua comunicação eficaz e eficiente no ponto de venda além da indiscutível presença nos media". Durante o debate, ficou clara a dualidade da importância entre o ponto de venda e a divulgação nos meios de comunicação social e nas redes sociais enquanto motores privilegiados de contacto com os consumidores.
O e-commerce foi também referido constituindo a forma de venda privilegiada da SMUKY. "80% das nossas vendas são realizadas por esta via, o que nos permite explicar melhor este produto através de imagens e de vídeos, deixando que o consumidor o descubra", salientou Alberto Ferreira.
A Tetra Pak, por seu turno, aposta no packaging. "A inovação faz parte do gene da empresa. Só através da inovação é que conseguimos sobreviver e muito pode ser feito no que respeita à abertura ou da funcionalidade das embalagens", salientou Vera Norte, diretora de comunicação da empresa.
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Marta Araújo martaaraujo@vidaeconomica.pt |
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