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António Vilar
O sucesso dos portugueses no estrangeiro e o seu insucesso em Portugal
04-10-2012
O que faz dos portugueses heróis quando labutam fora de portas é a coragem e o que os torna invertebrados cá dentro são as políticas de conforto à preguiça e de subsidiodependência.

Eu vi, em Paris, nos passados dias 14, 15 e 16 de Setembro, a energia e a vontade de vencer de muitos portugueses. E, por isso, testemunho que Portugal é possível neste mundo global em que vivemos desde que deixem os portugueses ser livres... e portugueses!
Sob os auspícios da Câmara de Comércio e Indústria FrancoPortuguesa, superiormente dirigida pelo Prof. Doutor Carlos Vinhas Pereira, um português de sucesso em França, realizou-se o  I Salão Imobiliário Português e o IV Forum dos Empresários Luso-Descendentes e Portugueses em França, no Parque de Exposições de Paris. Inúmeros visitantes - não só portugueses residentes em França mas, também, franceses eaté empresários de outras nacionalidades por lá passaram à procura de negócios em Portugal. Cumpre sublinhar, pelo que vi, que os portugueses, - o Portugal que trabalha, cria e vence - está na rota de muitos investimentos estrangeiros.
Confirmei, então, a minha convicção de que um desígnio nacional, premente, há-de ser o reencontro da diáspora portuguesa em torno de alguns valores, patrióticos e morais. Haverá 5 milhões de portugueses espalhados pelo mundo que os poderes deste país, porém, sucessivamente têm ignorado, mas que são uma variável necessária e relevantíssima para ultrapassarmos as crises do presente. E eles - que são dos melhores de nós (pela coragem de partir, pelo espírito de sacrifício que os anima na sua luta por esse mundo fora), não se afastaram da portugalidade. Foram apenas esquecidos pelo autismo e inveja, até, dos que cá ficámos.
Voltei, entretanto, a Portugal. Nos dias seguintes, em duas ocasiões distintas, julgo ter entendido algumas das razões para estarmos a ser subjugados pelos nossos credores. É que, por cá, os nativos não querem trabalhar (apenas querem emprego...) nem estão dispostos a lutar pela conquista de um posto de trabalho, ou pela sua manutenção. Mesmo a austeridade, sem ética e sem equidade nem sentido de futuro, já é por muitos aceite num conformismo ingénuo ou na vivência de medos subtilmente instilados na sociedade pelos que nos governam cá dentro e, sobretudo, de lá de fora.
António Borges, no seu afã de ganhar dinheiro fácil e na sua total falta de jeito para a política, quando qualificou os empresários portugueses de "ignorantes", não soube justificar a sua afirmação. Mas disse uma relativa verdade que aqui sublinho: muitos empresários portugueses são mais que ignorantes, são corruptos e nada sabem fazer sem que a torneira do Estado se abra a jorrar dinheiro para as suas ambições. Há muito que defendo que não é o dinheiro que faz os verdadeiros empresários - nem o ter amigos nos partidos para o alcançar (e depois devolver em multiplos esquemas de engenharia fiscal e financeira). Mas quando qualquer trolha (profissão honrada, de resto) se traveste de empresário e entra na banca ou na sede dos poderes políticos e aí, por inconfessáveis motivos, assenta praça como general... alguma coisa está mal.
A recuperação do nosso país precisa de Trabalhadores e de Empresários (com letra grande) e não daqueles que só querem um emprego ou nada saber fazer, nos seus fatos Hugo Boss, sem o Estado ao lado.
O que faz dos portugueses heróis quando labutam fora de portas é a coragem que os leva a ser dos melhores empresário e trabalhadores do mundo. E o que os torna invertebrados cá dentro são as políticas de conforto à preguiça e de subsidiodependência que lhes mata a alma. Havemos, um dia, neste aspecto, de confrontar, também, o atual presidente Cavaco Silva, que, para muitos, é um dos responsáveis morais por esse espírito leviano e inconsequente desde os tempos em que, para ganhar e manter maiorias absolutas, se conformou ao "pão e circo" para todos e algo mais, porventura, para alguns... Digo isto, claro, na certeza incontornável de que terei de nascer outra vez (ou duas vezes?) para ser tão sério como o Presidente o é.
Por mais que queiramos sair da crise, não será viável consegui-lo sem os portugueses da diáspora. Eles são os melhores dos melhores de nós. E, agora que a juventude qualificada abandona este país a apodrecer, mais vigor terá esta convicção.
Como o conseguir?
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