07-11-2012 Aumento da fraude é das principais preocupações das seguradoras
Os clientes pedem mais fracionamento do pagamento dos prémios, as anulações tendem a aumentar, mas é o aumento das situações de fraude que está a despertar maiores preocupações no setor segurador, admite Pedro Daniel Gomes, diretor da Becauseguros Consultores®. A fiscalização e a punição dos infratores devem constituir a melhor estratégia de combate à fraude, alega também Pedro Daniel Gomes.
Vida Económica - De que modo é que a diminuição do poder de compra das pessoas tem afetado a empresa? Há mais pedidos de fracionamento dos prémios? Há pagamentos protelados? Há mais anulações?
Pedro Daniel Gomes - Existe tudo isso e muito mais de tudo o resto que a "crise" tem provocado a todos os setores de atividade produtiva e comercial nacionais e, em especial, ao setor segurador. Já passei e ultrapassei muitas crises e esta não será de certeza a última. A minha filosofia profissional é, e sempre foi, a de que as crises são para analisar e para aproveitar e para serem transformadas em oportunidades de negócio, de reforço da nossa capacidade técnica e comercial e de um novo entendimento daquilo que nos levará à plena satisfação dos interesses e das necessidades dos nossos clientes e de uma obrigação sempre renovada e dinâmica, na busca constante de nos superarmos a nós mesmos e de assim recusar quaisquer pensamentos negativos, degenerativos e erroneamente vigentes e generalizados.
VE - Percecionam alguma tendência, face à conjuntura económica, para o aumento de situações indiciadoras de fraude?
PDG - Mentiria se não o admitisse e se não transmitisse que essa será talvez a maior preocupação latente no nosso setor de atividade. E infelizmente, pelo que sei, todos os números o demonstram a variados níveis e critérios. Desde que me conheço como agente de seguros que eu e os meus sempre lutámos contra a mentira, contra o arredondamento da verdade e contra as mais variadas situações de fraude e de aproveitamento abusivo da realidade e das circunstâncias. Como costumo dizer, a batalha pela verdade é uma luta diária e constante e que nunca está nem nunca estará vencida, pois em cada novo dia e em cada nova oportunidade de venda, a mesma estará sempre presente e a mesma deverá e terá de ser sempre ganha por KO! O que perceciono é que o cabal cumprimento e fiscalização das mesmas deverão ser dos mais fundamentais pilares no combate à fraude e à impunidade de que alguns ainda julgam poder beneficiar.
VE - Como acham que os clientes de seguros reagiriam no caso em que os mediadores fossem obrigados a revelar o montante da remuneração que auferem por contrato? Creem que essa informação é relevante para os clientes? Estes a valorizam ou valorizariam a sua efetiva obrigatoriedade?
PDG - Sou um adepto incondicional das novas e importantes leis que atrás referi e pelas quais todo o mercado esperou talvez anos de mais. Por outro lado, a lei já obriga a mediação a informar antecipadamente o cliente, quer verbalmente quer por escrito e até em suporte duradouro, do direito que passou a ter de poder inquirir o consultor sobre o seu comissionamento na ação comercial que se irá estabelecer, embora a verdade me obrigue a dizer que, desde a fundação da BSC®, nunca qualquer cliente utilizou connosco essa sua nova prorrogativa. Deixo também registado que alguns clientes se mostram até um pouco indignados com essa abordagem obrigatória. Continuo, entretanto, a pensar na importância da manutenção desta regra, para melhor defender os clientes na compra de certas aplicações financeiras disponíveis no mercado e de todas as suas envolventes "comerciais" associadas.
Num outro contexto e compreendendo perfeitamente que o legislador terá procurado, sobre esta matéria, estimular a concorrência e o seu consequente benefício daí tendencialmente decorrente para o consumidor final e para o preço final praticado, deixo registado que não verifico nem acredito que o venha a verificar que esse legítimo e saudável intento venha a acontecer por esta via.
VE - O que pensam, em geral, do atual relacionamento institucional e prático das companhias de seguros com os mediadores?
PDG - Resumiria dizendo que na opinião da BSC® o caminho mais ou menos instituído e vigente, em que, no geral, os mediadores são impelidos a ser "empregados de escritório" das companhias de seguros, ainda que "remunerados" para o efeito e isso retira aos mediadores a capacidade e disponibilidade comercial para essa desejada progressão e encurta e atrofia a sua verdadeira função no mercado e que "tão-somente" deveria ser a de bem vender seguros e a de bem assistir os clientes! O facto de a generalidade das seguradoras terem escolhido este modelo de ação comercial também dificulta a possibilidade de se poder discutir um modelo mais perfeito e produtivo.
Por outro lado, a BSC® pensa que a opção indiscriminada pela vertente multimarca, que as regras e o mercado permitem e até estimulam, é contrária aos interesses de todos os intervenientes referidos e, em minha opinião, talvez seja mesmo um dos únicos pontos menos conseguidos da nova Lei da Mediação. A BSC® defende uma mediação de marca e lamenta que o setor e o mercado não queiram caminhar nessa direção.
VE - Isso significa que defende a exclusividade do mediador com uma única companhia de seguros?
PDG - Obviamente que sim e defendo também a criação por parte das seguradoras de mediadores da sua marca, a responsabilidade pela sua formação como profissionais e como seus legítimos representantes. Foi assim que aprendi a minha profissão, na altura da chamada universidade dos seguros em Portugal, no tempo da criação das "Redes Private", assentes na tal fórmula ainda mágica: 1 Companhia, 1 Mediador, 1 Cliente.
Sou forçado a admitir que, neste momento esta escolha, uma vez que não é incentivada por quase ninguém, não apresenta as facilidades ou os aliciantes necessários para ser entendida na sua plenitude e alcance, por parte dos intervenientes respetivos neste complexo processo de decisão, em especial pelos principais decisores, todos os mediadores e que por tudo o que expus, têm vincada a ideia que esta opção por vezes nem sequer é uma opção.
VE - Que mensagem gostaria de deixar para o futuro da mediação e dos mediadores?
PDG - O futuro está nas nossas mãos e, em grande medida, o futuro será sempre garantido pelo amor à nossa profissão.
Novo projeto, nova qualidade de serviço
A BSC® foi fundada a 1 de agosto de 2006, permitindo o nascimento de um novo projeto com os "parceiros principais" Lusitania Seguros e Lusitania Vida. "Após mais de uma década de exclusividade na AXA Seguros Portugal, (antiga UAP) e de quase uma outra dedicada à primeira sociedade de mediação que fundei, a Quadrium Seguros, entendi que tinha chegado o momento de reorganizar tudo o que aprendi na minha carreira profissional e de o uniformizar e otimizar num novo desígnio e num novo horizonte de qualidade de serviço, a Becauseguros Consultores®", relata Pedro Daniel Gomes, para logo garantir que "estamos orgulhosos do que temos feito". O diretor da empresa refere-se ao crescimento continuado, nos Ramos Vida e Não Vida, que tem permitido aumentar a equipa e ampliar a sua presença no mercado segurador. "Temos de ser muitos a dizer que tem de haver alguém que não se renda, que não precise de alterar e de condicionar a verdade e as regras de bom funcionamento do seu serviço e que consiga lutar contra o facilitismo", conclui Pedro Daniel Gomes
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