07-12-2012 Frederico Casal-Ribeiro, coordenador da proposta da RSI aos ENVC, considera RSI quer elevar produtividade dos Estaleiros de Viana
"Queremos tirar partido da experiência, da mão-de-obra altamente qualificada e das valências técnicas que existem atualmente nos ENVC. Este 'know-how', combinado com a 'expertise' dos nossos estaleiros na Rússia, pode tornar os ENVC altamente competitivos no futuro", afirma à "Vida Económica" Frederico Casal-Ribeiro, coordenador da proposta da RSI - River Seas Industrial Trade, com ligações ao grupo Russian Financial Corporation.
"Além disso, o clima ameno de Portugal permite uma produção continuada durante todo o ano", acrescenta.

Vida Económica - Quais são as razões que determinam o interesse pela privatização dos ENVC?
Frederico Casal-Ribeiro - O Grupo Russian Financial Corporation, do qual a River Seas Industrial Trade faz parte, tem atualmente uma forte presença na Rússia, nos países da ex-URSS, na Ásia Central e em toda a região do Mar Cáspio.
No âmbito da estratégia de crescimento do grupo, os mercados sul-americanos (nomeadamente Venezuela, Colômbia e Brasil) e africano (nomeadamente Angola) são neste momento uma prioridade. Inclusivamente, a RSI já tem, desde 2011, um escritório de representação na Colômbia (cidade de Bogotá). Tendo em vista esta estratégia de expansão para estes novos mercados regionais, os ENVC têm uma posição geográfica perfeita. Também a língua e a afinidade histórica e cultural com estes mercados tornam os ENVC estratégicos para a prossecução desta política de expansão.
Queremos também tirar partido da experiência, da mão-de-obra altamente qualificada e das valências técnicas que existem atualmente nos ENVC. Este "know-how", combinado com a "expertise" dos nossos estaleiros na Rússia, pode tornar os ENVC altamente competitivos no futuro. Neste ponto podemos referir que os barcos construídos nos ENVC nos anos 80 para o mercado da ex-URSS tornaram os ENVC conhecidos pela sua excelência.
Além disso, o clima ameno de Portugal permite uma produção continuada durante todo o ano, o que não sucede nos estaleiros do grupo na Rússia, os quais, para poderem funcionar no inverno, implicam custos muito elevados.
VE - Existe uma estimativa sobre o investimento que pode envolver a compra e o relançamento da atividade?
FCR - Evidentemente que sim. O Grupo RSI tem um plano de desenvolvimento para os ENVC perfeitamente delineado. Contudo, por motivos de confidencialidade da nossa proposta, não podemos neste momento dar detalhes do mesmo.
VE - Em termos de criação de emprego direto e indireto, que previsões existem na hipótese de vencerem o concurso?
FCR - Como já é do domínio público, a proposta da RSI mantém os atuais 635 postos de trabalho.
De acordo com o plano de desenvolvimento dos ENVC, o aumento do nível de empregabilidade direta nos estaleiros será uma consequência natural.
O relançamento dos ENVC e a sua consequente plena produção terão com certeza um efeito multiplicador sobre a economia local e regional, com óbvias consequências quanto à criação de emprego indireto.
VE - Quais são os principais motivos de interesse que Portugal apresenta para os investidores estrangeiros?
FCR - Salientamos aqui três aspetos principais: posição geográfica e ligações políticas e culturais de Portugal face aos mercados sul-americanos e africanos; qualidade da mão-de-obra portuguesa; estabilidade e segurança do país.
Para além disso, acreditamos que as medidas em curso que visam relançar a nossa economia, tais como a recentemente anunciada tributação das empresas constituídas em Portugal por capitais estrangeiros à taxa de IRC de 10% (já aprovada por Bruxelas), são motivo de interesse para o investimento estrangeiro.
VE - O que pensa sobre as regras do concurso e as condições de privatização?
FCR - Quanto a esta questão, não nos cabe obviamente pronunciar, a não ser para referir que, ao decidirmos apresentar a nossa proposta, respeitámos tais regras e condições.
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