08-12-2012 Manuel Carmo, autor do livro "É preciso gerir em permanência as nossas experiências, capacidades e expetativas"
Em Portugal está-se cada vez mais a agir sem pensar. Manuel Carmo, autor do livro "Caixa para pensar", quer, com esta obra, levar as pessoas a pensarem por si mesmas.
"Tudo o que fazemos ou pensamos durante a nossa vida está relacionado como tudo o que já vivemos e pensámos", afirma o advogado, professor, gestor, diplomata, escultor, pintor e músico, atividades que, como refere, "desenvolvem a minha forma de estar e de pensar".

Vida Económica - Como surgiu a ideia de criar a "Caixa para pensar"?
Manuel Carmo - Surgiu da constatação de que, em Portugal, se está cada vez mais a agir sem pensar. Os cidadãos são diariamente acordados por notícias que os obrigam a pensar mas que não lhes deixam margem de manobra para pensar no que querem. Pensam no que lhes é imposto que pensem. Uma espécie de dirigismo que ninguém nota e que, parece, ninguém quer notar.
A "Caixa para pensar" é o contrário disso. Claro que eu afirmo nela o que penso. Mas o meu objectivo não é que os meus leitores pensem sobre o que eu já pensei. É que pensem por eles. Pensem comigo, não pensem o que eu penso.
VE - Qual a importância que atribui à experiência obtida na sua vida profissional na criação deste projeto literário?
MC - Tudo o que fazemos ou pensamos durante a nossa vida está relacionado como tudo o que já vivemos e pensámos. Como advogado, professor, gestor, diplomata, escultor, pintor, músico, todas as actividades que já tive e tenho desenvolvem a minha forma de estar e de pensar. Somo sempre o resultado do que nos acontece, do que somos e do que queremos ser.
E é assim que está certo. Não somos partes de nós, mas sim um todo que tende a completar-se à medida que pensamos e fazemos. É preciso gerir em permanência as nossas experiências, as nossas capacidades e as nossas expectativas. É da conjugação destes três factores que evoluímos e, com isso, somos.
VE - O que diferencia esta obra de outros livros existentes no mercado?
MC - Como já disse, não quero que pensem como eu. Quero que pensem comigo. Quantos livros conhece assim?
VE - A sua obra pode contribuir para que os leitores pensem mais e melhor?
MC - Espero que contribua. A "Caixa para pensar" é constituída por três livros: um chamado "10.XXI", no qual procuro pensar sobre a primeira década do século XXI, no que ela trouxe de novo relativamente ao século XX. Posso dizer-lhe que analiso essencialmente a busca permanente do "autêntico" e do "inconstante", duas palavras, ou conceitos, que são transversais a todas as questões novas que levantámos nestes últimos anos.
Um segundo livro chama-se "Entre Margens" e trata de analisar e fazer pensar sobre o novo conceito que se está a desenvolver sobre a irrelevância do nascimento para a vida, sendo que esta se desenvolve muito mais em contraponto à morte. Uma questão que, nos próximos dez anos, vai trazer grandes alterações filosóficas e até religiosas que não poderemos ignorar.
Finalmente, o terceiro livro que compõe a "Caixa para pensar" é um livro de citações a aforismos retirados das minhas obras a que dei o nome de "Em Amor a Pirro". Refiro-me tanto ao filósofo cético como ao general grego que ganhava todas as batalhas para perder sempre a última. Deu, aliás, origem à expressão "vitória pírrica", hoje tão usada.
Com a publicação desta "Caixa para pensar" espero sobretudo que os meus leitores se encontrem perante as novas questões do séc. XXI.
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