13-07-2012 Nuno Fonseca, presidente da Associação Empresarial de Felgueiras, afirma "Felgueiras tem uma das mais baixas taxas de desemprego do país"
"O tecido industrial felgueirense, predominantemente ligado ao setor do calçado, tem encontrado soluções para ultrapassar os obstáculos que já há muito tempo lhe são colocados". Esta é a razão pela qual Felgueiras apresenta "uma das mais baixas taxas de desemprego do país", afirma à "Vida Económica" o presidente da Associação Empresarial de Felgueiras (AEF).
Segundo Nuno Fonseca, "as empresas do calçado criaram mecanismos de adaptação à nova realidade dos mercados" e este setor tem conseguido absorver os desempregados do comércio e do têxtil, dois setores que "continuam, tanto em Felgueiras como no resto do país, com muitas dificuldades".
Vida Económica - Quais são as principais vertentes da ação da Associação Empresarial de Felgueiras?
Nuno Fonseca - A Associação Empresarial de Felgueiras desde sempre tentou abranger o maior número possível de vertentes, no intuito de poder apoiar todos os seus associados nas suas mais diversas necessidades. Contudo, devo destacar a vertente formativa, pelo impacto que tem, quer para os empresários quer para os seus colaboradores em geral.
A AEF e em especial a atual direção têm vindo a promover o apoio administrativo, fiscal e jurídico às empresas, a dinamização do comércio local, a promoção do nosso tecido industrial, o apoio à internacionalização de empresas, o apoio à criação de empresas, etc. Estas vertentes traduzem a aposta na excelência do nosso tecido empresarial, na determinação e coragem dos nossos empresários das mais diversas áreas.
No mês passado, a AEF requalificou as suas instalações no sentido de melhor servir os seus associados, criando um espaço multifuncional no qual se destaca o GAA- Gabinete de Apoio ao Associado. Tendo em conta as potencialidades da nossa região e em especial a do nosso concelho, temos desenvolvido uma série de iniciativas no sentido de dar a conhecer o que de melhor se faz no nosso concelho, quer seja no calçado, doçaria e agricultura quer em setores menos representativos como a metalomecânica ou o têxtil. A AEF tem fomentado visitas de empresários e diplomatas estrangeiros a empresas felgueirenses e está a planear missões empresariais a mercados com potencial interesse nos nossos produtos.
VE - Que iniciativas vão ser tomadas para fomentar o empreendedorismo?
NF - A AEF desde sempre apoiou o empreendedorismo, mas, como sabemos, os tempos não são fáceis e acreditamos que a criação de novas empresas e do próprio trabalho poderá ser a solução de quem neste momento não encontra emprego. A AEF criou, aquando da requalificação das suas instalações, um espaço para apoio a potenciais empreendedores, onde disponibilizará todas as valências necessárias para a criação de novas empresas. Estamos a agendar em parceria com outros organismos, workshops para jovens desempregados e recém-licenciados sobre o empreendedorismo.
VE - Que medidas de política pública recomendaria para favorecer o crescimento da economia?
NF - Tendo em conta as dificuldades que as empresas atravessam, recomendaria o reforço da competitividade fiscal, a flexibilização das contratações e restruturações e apoiar claramente as PME, pois são elas a base da nossa economia. Penso que, para favorecer o crescimento, seja vital discriminar positivamente as PME, nomeadamente através de medidas que contribuam para assegurar a capitalização das mesmas, condição indispensável para garantir os níveis de investimento necessários ao relançamento da economia. Introduzir medidas ao nível da simplificação de procedimentos, de um funcionamento mais célere da justiça e da redução dos custos energéticos para diminuir custos de contexto das empresas.
QREN deve ser direcionado para apoio à criação de emprego
VE - Na reprogramação do QREN é recomendável direcionar os apoios para a criação de emprego, ainda que se reduza o volume de apoios à formação?
NF - Na reprogramação do QREN entendemos que é recomendável direcionar apoio para a criação de emprego, mas esse apoio deverá ser feito para as PME e criação de novas empresas.
É fundamental a aposta na formação, pois, como todos os estudos indicam, existe ainda em Portugal um grande deficit formativo. Não nos podemos esquecer que só com a formação é que poderemos melhorar os nossos recursos humanos e assim aumentar a nossa produtividade.
Não apoiamos a diminuição dos apoios à formação porque sem eles será difícil as empresas reforçarem e adequarem as competências dos seus quadros de trabalhadores às exigências da economia atual.
VE - Que fatores contribuem para que a taxa de desemprego em Felgueiras seja uma das mais baixas do país?
NF - Felgueiras tem uma das mais baixas taxas de desemprego do país, isto porque o tecido industrial felgueirense, predominantemente ligado ao setor do calçado, tem encontrado soluções para ultrapassar os obstáculos que já há muito tempo lhe são colocados. As nossas empresas do setor do calçado, depois de uma fase má nos inícios deste século, criaram mecanismos de adaptação à nova realidade dos mercados. A crise que tem assolado a Europa já não é uma novidade para o calçado, pois já sentimos há anos atrás essas dificuldades aquando da deslocalização de grandes empresas e abertura dos mercados de Leste da Europa e Ásia. O setor calçado tem conseguido absorver os desempregados de outros setores nomeadamente do comércio e do têxtil. Estes dois setores continuam, tanto em Felgueiras como no resto do país, com muitas dificuldades e todos os dias são extintos postos de trabalho nestas áreas.
|
João Luís de sousa jlsousa@vidaeconomica.pt |
  |
|