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13-07-2012

José Miguel Moreira, economista do Montepio, afirma
Bancos preveniram aumento das insolvências

O crescimento de 83% das insolvências das famílias e empresas nacionais na primeira metade de 2012 é um problema para a banca, mas o setor precaveu-se a tempo, de acordo com José Miguel Moreira, economista do departamento de estudos do Montepio.

"O aumento do número de falências implica, naturalmente, um aumento do risco de incumprimento da carteira de crédito da banca, e, obviamente, do Montepio, na medida em que uma falência pressupõe a incapacidade de cumprimento das responsabilidades financeiras assumidas por estes agentes económicos. Obviamente que os bancos estavam cientes desta realidade, tendo vindo a trabalhar em articulação com o Banco de Portugal e a "troika" para fazerem face a uma queda do PIB em termos acumulados, em 2011 e 2012, que deverá ser de cerca de 4%, algo sem paralelo nos últimos 50 anos, com exceção do ano de 1975, quando o PIB caiu cerca de 5,1%", disse à "Vida Económica".
Em relação à redução dos depósitos, numa altura em que os bancos precisam de capitalização, o mesmo responsável desdramatiza admite problemas, mas, também neste caso, desdramatiza ao referir que não deve "assumir proporções tão elevadas quanto possa parecer à primeira vista". No caso do aumento das insolvências das empresas, José Miguel Moreira acredita que o impacto não será muito elevado, "atendendo a que o peso dos depósitos das empresas não é muito elevado", na banca portuguesa "representam cerca de 20% do total dos depósitos" do setor privado não financeiro - particulares e empresas não financeiras.
"No caso do aumento da insolvência dos particulares o impacto teórico seria naturalmente mais elevado, atendendo ao seu maior peso na carteira dos bancos [80% do total dos depósitos]. Porém, a insolvência das famílias estará essencialmente a dar-se junto daquelas que não viviam, antes da crise, uma situação financeira muito desafogada (e sem grande capacidade de poupança), não representando, neste sentido, o essencial dos depósitos na banca, representando, assim, um risco não muito acrescido para a banca", acrescenta o economista do departamento de estudos do Montepio.

"Proximidade típica" do Crédito Agrícola minora

A "proximidade típica" do Crédito Agrícola minora o impacto do aumento das insolvências, disse à "Vida Económica" fonte daquela entidade. "De facto, não só a insolvência como as dificuldades com que em geral famílias e empresas se deparam nesta conjuntura, aumentam o risco de incumprimento. A banca de proximidade típica do modelo de negócio do grupo Crédito Agrícola concorre para minorar tais impactos, o que parece também evidenciado pelo comportamento do crédito malparado que vem apresentando uma evolução mais favorável do que a restante banca", afirma.
Também pela via de redução dos depósitos em conta, numa altura em que os bancos portugueses precisam de capitalizar-se, é um problema menor para o Crédito Agrícola do que para a generalidade da banca lusa, de acordo com a mesma fonte. "As dificuldades de famílias e empresas e a redução da atividade destas últimas, assim como a capacidade de poupança das primeiras, não favorecem a evolução dos depósitos como genericamente se tem verificado na banca portuguesa, particularmente quando tal avaliação é feita com a consideração de todos os recursos comerciais da banca (depósitos, fundos, seguros, etc.). No caso do grupo Crédito Agrícola, a carteira de depósitos vem, aliás, evidenciando uma notável estabilidade", salienta a nossa fonte.

Aquiles Pinto aquilespinto@vidaeconomica.pt
 
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