01-09-2012 Luís Veiga Martins, diretor geral da Sociedade Ponto Verde, garante Aproveitamento de resíduos tem capacidade para criar emprego
Os resíduos são, cada vez mais, encarados como um recurso e, como tal, apresentam "potencial para desenvolver a economia" e contribuir para a "criação de emprego", afirma Luís Veiga Martins. Em declarações à "Vida Económica", o diretor-geral da Sociedade Ponto Verde (SPV) salienta ainda que, "numa altura em que a crise domina a atualidade nacional e internacional, devemos olhar para o valor que os resíduos têm, para que possamos reintroduzir esse mesmo valor na economia".
"Embora longe da perfeição, Portugal tem assistido a uma evolução notável nesta área", pois a verdade é se há pouco mais de década e meia estava quase tudo por fazer na área dos resíduos sólidos urbanos. Hoje, e em determinadas fileiras de materiais, existem vários players nacionais, cujo mercado natural de atuação vai além do território nacional", afirma Luís Veiga Martins, salientando que "esta é uma situação que seria inevitável há alguns anos atrás e que hoje se tem vindo a consolidar".
Nesse sentido, o diretor-geral da SPV sublinha que o sucesso conseguido ao nível da implementação de estratégias e da criação de infraestruturas para gestão de resíduos "trouxe benefícios ambientais evidentes, mas também económicos, não apenas pela poupança de recursos naturais, como pelo contributo para o desenvolvimento de uma indústria, criação de empresas e de postos de trabalho".
Todavia, nem tudo são rosas no setor, pois "ainda não se separa em Portugal tanto os resíduos como se deveria", admite o mesmo responsável. "Infelizmente, grande parte dos resíduos gerados (cerca de 60%) ainda vai parar a aterro", pois esta "ainda é a opção mais barata". Por outro lado, a utilização de recursos naturais "também é, em muitas situações, mais económica do que o recurso a produtos que já sofreram transformações".
Adesão ao MOR deveria ser obrigatória
Desafiado a fazer uma avaliação dos primeiros meses de atividade do MOR Online, o primeiro portal eletrónico em Portugal a permitir que os produtores e detentores de resíduos e os operadores económicos devidamente licenciados tenham uma forma rápida e eficiente de comercializar os seus resíduos, o responsável da SPV considera que a plataforma "tem um grande potencial de negócio".
"Do nosso ponto de vista, este pode ser mais um instrumento de auxílio ao Estado na política de resíduos. No entanto, para que o Mercado Organizado de Resíduos possa vingar e ter sucesso, há que o tornar obrigatório. Isto é, as empresas que queiram transacionar resíduos deverão fazê-lo, sempre no âmbito do MOR", advoga.
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FERNANDA SILVA TEIXEIRA fernandateixeira@vidaeconomica.pt |
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