02-09-2012 CEVAL dinamiza iniciativa Alto Minho cria marca de Região Empreendedora
O CEVAL - Conselho Empresarial dos Vales do Lima e Minho criou e vai dinamizar o lançamento da "Alto Minho Região Empreendedora", uma marca aplicável aos produtos da região. O objetivo é "proteger os recursos endógenos, valorizando-os em termos de abordagem de novos mercados", afirma à "Vida Económica" Luís Ceia, presidente do CEVAL.
As ações de sensibilização do projeto "Alto Minho Região Empreendedora" serão iniciadas com os municípios e outros organismos institucionais a que se seguirá uma sensibilização junto do segmento dos consumidores dos próprios produtos, quer os locais, quer sobretudo os de outros segmentos como, por exemplo, o chamado "mercado da saudade".
Mas, Luís Ceia considera que, para além desta ótica do consumo, o lançamento de uma tal marca pode também ajudar a captar investimento externo para a região, razão pela qual o CEVAL propôs à Comissão Intermunicipal do Alto Minho um melhor aproveitamento das geminações de municípios, fazendo inserir a vertente empresarial com a presença ativa de empresários que operam nas áreas desses municípios geminados.
Luís Ceia adianta que o CEVAL será um agente de apoio e catalisador destas ligações, oferecendo uma grande vantagem, que é o facto de ter no seu seio uma "rede de balcões (que são as associações empresariais locais) e não descura o facto do CEVAL poder vir a transformar-se numa eficaz associação de desenvolvimento regional, onde a cooperação transfronteiriça assumirá posição de destaque, designadamente no fomento do empreendedorismo e do networking".
Autoridade governamentais desconhecem realidades locais
Finalmente, abordando a situação económica global, que, necessariamente, afecta a região do Alto Minho, Luís Ceia reconhece a persistência por parte das autoridades governamentais de um efectivo desconhecimento das realidades do terreno. E exemplifica que, sem embargo de serem interessantes recentes medidas de fomento ao investimento, as verbas de apoio a disponibilizar deveriam, prioritariamente, ser canalizadas para superar a falta de liquidez das empresas ( sobretudo as dependentes do mercado interno, mas também do externo) desde que as empresas potencialmente beneficiadas evidenciem efetiva viabilidade económica.
Salienta, no entanto, o presidente do CEVAL que o clima instalado no meio empresarial é, de facto, de desânimo. Mas segundo este dirigente, a maior desmotivação já não está em enfrentar a realidade de estarmos mais pobres, mas sim o facto de não se vislumbrar qualquer luz no fundo do túnel, dando a sensação de estar o país a ser "navegado à vista". Ora, salienta Luís Ceia, qualquer organização precisa de um "farol" para que aponte a sua atividade, e isso não está a acontecer em Portugal. E conclui: "É também preciso saber pôr as pessoas a acreditar e mesmo a sonhar".
Reestruturação associativa em marcha
O CEVAL passou não só por uma profunda reestruturação interna dos seus serviços, mas sobretudo pela assunção dum novo posicionamento, em função das emergências da própria região e das alterações permanentes do contexto, em geral.
Luís Ceia salienta que o reposicionamento do CEVAL - de alguma forma uma confederação de associações empresariais abarcando 10 concelhos e cerca de cinco mil empresas associadas - deu logo o seu primeiro sinal com a transferência da sua sede de Viana do Castelo para Vila Nova de Cerveira, porque por um lado o associativismo empresarial estava menos representado localmente, mas também por uma questão simbólica, mas relevante, que tem a ver com o facto do primeiro parque empresarial da região ter sido instalado em Vila Nova de Cerveira.
Luís Ceia acrescenta que este concelho é, em termos relativos e empresarialmente falando, dos mais dinâmicos na região, tendo também em conta as sinergias relacionadas com o seu posicionamento fronteiriço.
Para Luís Ceia, o CEVAL deve, numa óptica estratégica, preocupar-se não só com a economia regional, mas também com as questões relacionadas com o território e o seu desenvolvimento integrado. Donde advoga um relacionamento preferencial com os municípios e, muito particularmente, com a já existente Comissão Intermunicipal do Alto Minho -CIM.
Conclui que o CEVAL se assume, sobretudo como uma instituição de cúpula, que deve estar próxima das associações empresariais e não dos associados destas.
É neste contexto, acrescenta Luís Ceia, que o CEVAL definiu uma aposta na valorização de setores que utilizam recursos básicos endógenos da região e que estão identificados com a agricultura, as pescas, as florestas e o turismo.
Com efeito, estes setores configuram caraterísticas específicas e diferenciadoras da região, características estas que não estavam suficientemente potenciadas, razão pela qual considera prioritário que se trabalhe com profundidades neste domínio
Entretanto, Luís Ceia, refere a relevância da vertente exportadora da região, cujos dados mais recentes (2000-2008) indicam que as exportações duplicaram, defendendo, no entanto, uma maior criação interna de riqueza. |
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Albano de Melo albanomelo@vidaeconomica.pt |
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