02-09-2012 André Albuquerque, presidente da Associação Portuguesa de Empresas Químicas, considera Fraca infraestrutura logística limita desenvolvimento da indústria química
Nos três primeiros meses do ano, o volume exportador do setor químico nacional totalizou cerca de 1344 milhões de euros, o que representa um crescimento de 1,8% face ao período homólogo - revelam dados da Associação Portuguesa de Empresas Químicas (APEQ).
"O setor químico nacional é hoje o 3º setor em volume exportador, atrás das máquinas e do material de transporte. Representou, no ano passado, 12,5% do total das exportações do país", afirmou André Albuquerque, presidente da APEQ, à "Vida Económica".
Vida Económica - Quais os resultados das exportações do setor químico nacional, durante o primeiro semestre de 2012?
André Albuquerque - Os dados do 1º semestre ainda não se encontram disponíveis e tratados. Assim, tomando por base o 1º trimestre de 2012, evidencia-se que as exportações do setor químico nacional tiveram uma evolução favorável, nos três primeiros meses, totalizando 1344 milhões de euros, o que representa um crescimento de 1,8%, face o período homólogo do ano anterior. De referir, todavia, que o ano de 2011 já representou um crescimento muito importante, com as exportações a totalizarem 5280 milhões de euros, traduzindo um crescimento de 20,9%, face ao valor de 2010. É, pois, de salientar, que quando comparamos dados de 2012 com 2011, o ano de 2011 já correspondeu a um período fortemente expansionista, relativamente às exportações da indústria química nacional. O setor é hoje o 3º com mais exportações, atrás das máquinas e do material de transporte e representou em 2011, cerca de 12,5% do total das exportações do país.
Fraca infraestrutura logística
VE - Esses resultados podem ser melhorados?
AA - Apesar dos resultados animadores, há áreas em que são, claramente, necessárias melhorias, não só para garantir a sustentabilidade e crescimento das empresas existentes, como também para atrair novos investimentos. Uma das áreas onde as desvantagens são mais visíveis e limitativas, e onde as empresas por si só são incapazes de resolver o problema, tem a ver com a questão da fraca infraestrutura logística.
A principal limitação ao desenvolvimento da nossa indústria química está de uma forma geral, relacionada com a falta de integração entre os três principais polos químicos do país - Matosinhos, Estarreja e Sines - e entre estes e a infraestrutura portuária por onde entram a generalidade das matérias-primas e por onde são exportados os produtos. Esta situação aumenta os custos logísticos, penaliza os indicadores ambientais e limita o acesso a mercados importantes.
VE - Como podem ser colmatadas estas situações?
AA - Deve ser feita uma integração entre o Pólo de Matosinhos e o de Estarreja, através de uma ligação ferroviária direta entre o terminal localizado junto ao Porto de Leixões e o complexo de Estarreja, substituindo a atual solução baseada na rodovia.
Deve ser também fomentada a integração entre o Pólo de Estarreja e o Porto de Aveiro, por onde entram várias matéria primas que abastecem o referido complexo e por onde são exportados os produtos lá fabricados, através da melhoria da ferrovia existente de modo a torná-la numa alternativa efetiva ao transporte rodoviário.
E, por último, deve existir uma ligação do Pólo de Sines a Espanha, com ligações rodoviárias e ferroviárias competitivas, o que pode vir a ser atenuado com os projetos em curso, designadamente no que se refere à ligação ferroviária Poceirão-Caia.
Adicionalmente, o acesso à energia em condições competitivas, nomeadamente em comparação com o que é praticado em Espanha, e o acesso ao crédito, este último de carácter mais conjuntural, são também aspetos que assumem grande relevância.
|
FERNANDA SILVA TEIXEIRA fernandateixeira@vidaeconomica.pt |
  |
|